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Mulher no canteiro de Obras

Ajudante de almoxarifado conta como tem sido sua primeira experiência em um canteiro de obras


PERFIL
Fotos: Marcelo Scandaroli

Nome: Eliete Barbosa SouzaIdade: 35 anosProfissão: auxiliar de almoxarifado Onde nasceu: São PauloOnde mora: bairro JordanópolisOnde trabalha: Gafisa
Como você veio trabalhar em um canteiro de obras?
No começo de 2010, uma amiga minha, que era professora do projeto "Primeiro Passo", me perguntou se eu não queria fazer o curso para auxiliar de elétrica pelo programa. Acabei aceitando o convite. Qualquer coisa que pudesse aprender seria lucro para mim. Ao todo, foram 45 dias e 40 horas de curso. Aprendi a passar fios, a trocar tomadas, e outras coisas básicas... Já sei trocar meu chuveiro. Não preciso mais de marido!
E logo depois você veio trabalhar na Gafisa?
A Associação Brasileira para a Prevenção de Acidentes (ABPA) oferece o curso e também tem parceria com várias empresas. No final de 2010, me falaram que a empresa estava contratando. Como estava desempregada naquela época, e ainda separada e com seis filhos, não tive dúvidas e aceitei o convite. Havia muitas mulheres no curso, mas nem todas queriam trabalhar, porque ficaram cismadas de irem para uma obra.
E você não teve receio de trabalhar em obra?
Eu precisava trabalhar para criar os meus filhos e não tive medo de vir para a obra. Na verdade, eu não via a hora de vir trabalhar aqui. Gosto da obra e de ter de trabalhar com homens.
É mesmo? Por quê?
Eles me tratam muito bem, com respeito. Se preciso pegar peso, alguém logo se oferece para pegá-lo para mim.
E como as suas amigas veem seu atual trabalho agora?
Agora, elas me veem trabalhando
na obra e sentem vontade de traba­lhar também.
E antes de vir para o canteiro, quais foram as suas profissões anteriores?
Trabalho desde os 14 anos e já fiz de tudo um pouco. Já fui faxineira, ajudante de cozinha. Meu último ganha-pão foi como massagista - fiz um curso e fazia massagens nas pessoas do meu bairro, inclusive pós-cirúrgicas. Adoro estudar, fazer cursos, sempre estou aprendendo coisas novas.
Como é sua rotina no canteiro?
Acordo todos os dias às 4h30 da manhã, pego dois ônibus e chego às 7h00. Aqui, recebo e despacho os materiais de construção. Também confiro tudo o que chega, o que não é fácil. Meu horário é até às 16h00, mas às vezes faço hora extra e saio às 17h00 ou 18h00. Chego em casa às 21h00, e ainda vou fazer a janta. Além de trabalhar aqui, tenho de trabalhar em casa também.
E está gostando da nova profissão?
Sim, pois acabo conhecendo muita gente de fora, de outros lugares. Gosto muito de trabalhar em lugares onde tem bastante gente. Quando sair daqui, quero ir para outras obras.
Do que você mais gosta?
Do convívio com as pessoas e da oportunidade de aprender coisas novas, que posso usar na minha vida. Já aprendi a pintar paredes. Hoje, se tiver que pintar paredes, sei como fazer.
Fotos: Marcelo Scandaroli
Fotos: Marcelo Scandaroli
Fotos: Marcelo Scandaroli
Eliete acorda às 4h30 para chegar às 7h00 na obra onde trabalha. Lá, recebe, confere e despacha os materiais de construção. Depois de um longo dia, chega em casa às 21h00 e ainda vai fazer a janta.
O que aprende aqui, então, acaba usando na sua casa e na dos seus familiares?
Com certeza. Acabo usando algumas coisas que aprendi, mas não muitas, pois tenho pouco tempo para isso.
E sua família, te apoia no novo emprego?
Minhas irmãs não entendem como eu posso trabalhar em obras. Mas sou diferente dos meus irmãos, gosto de fazer essas coisas "de homem", como pintar, mexer com elétrica. Sempre quis aprender a fazer essas coisas. Meu pai era pedreiro e eletricista. Acho que acabei puxando esse lado dele. Somos seis irmãos - três homens e três mulheres −, e, de todos, só eu puxei a ele.
O fato de o seu pai ter sido pedreiro te influenciou nessa decisão de vir trabalhar em canteiro?
Acho que sim. Era meu pai quem fazia tudo em casa. Tudo o que quebrava era ele quem consertava. Hoje, ele não está mais vivo e não tem ninguém para nos ajudar.
Com o que você ganha hoje, consegue dar uma boa vida para seus filhos?
Hoje eu consigo, mas já passei muitas dificuldades. Com o que eu ganho, consigo mantê-los, alimentá-los e dar educação. Inclusive, uma das minhas filhas já está fazendo um curso de computação.
Você deseja continuar a estudar?
Sim, com certeza. Queria fazer um curso de engenharia ou de arquitetura.
Quais são os seus sonhos?
Quero dar uma vida melhor para os meus filhos, quero que eles estudem e tenham uma vida boa. Para mim, quero juntar dinheiro para comprar a minha casa própria.
E casar de novo, pretende?
Não, nunca mais. Quero conquistar as minhas coisas e dizer que fui eu que conquistei. Sozinha, sem a ajuda de ninguém. Outra pessoa do meu lado iria mais me atrapalhar do que me ajudar. Homem, só para sair e passear, só para diversão.
E o que você faz para se divertir nos finais de semana?


É o tempo que eu tenho para arrumar a minha casa. Mas quando sobra um tempinho livre, aproveito para ficar com meus filhos. Vamos ao shopping, comemos e passeamos. Também adoro ir ao Parque do Ibirapuera e gosto muito de ler os livros da Zíbia Gasparetto.

Consumo de placas cerâmicas

Como evitar perdas de placas cerâmicas na hora de fazer pisos internos






  
Ubiraci Espinelli Lemes de Souza
Marcelo Scandaroli
Professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
Os revestimentos cerâmicos são muito usados em pisos porque duram bastante, não deixam a água passar e são fáceis de limpar. Esse revestimento tem uma camada de acabamento que é "cimentada" no contrapiso com argamassa colante. Depois de assentar as placas, o rejunte é feito com uma pasta ou argamassa.
Mesmo as placas cerâmicas sendo mais baratas, você deve prestar atenção para não desperdiçá-las. Observe, por exemplo, que o número de placas usadas varia conforme o tamanho delas. Se a placa for grande, você vai precisar de menor número de placas para assentar 1 m2 de piso.
Além disso, tome cuidado para não quebrar as peças enquanto elas são levadas até o local de assentamento. Se isso acontecer, você poderá precisar de mais placas do que tinha imaginado. As perdas, mesmo em boas obras, podem chegar a até 20%. Existem várias razões para isso acontecer, como por exemplo receber placas erradas, com tamanhos diferentes do que foi encomendado ou que estejam com lascas ou quebradas. Por isso é importante conferir o material quando chega na obra.Pode acontecer também de você precisar cortar a cerâmica, quando a placa é maior do que o espaço junto às paredes. Além disso, a falta de cuidado e de ferramentas certas para fazer o corte das placas também pode causar desperdício.
Veja como calcular o consumo das placas para fazer 1 m² de revestimento cerâmico de piso
O consumo unitário de materiais (CUM) para as placas cerâmicas (placas/m² revestido) pode variar com o tamanho de cada placa, com a junta de assentamento entre placas e as perdas esperadas, conforme a fórmula abaixo:
CUM = consumo unitário de placas/m²
L = dimensão de uma lateral da placa (em cm)
e = espessura do rejuntamento (em cm)
perdas = perdas esperadas em %
Por exemplo:
Placas de 33 cm2 x 33 cm², com junta de 3 mm e perda esperada de 15% geram um consumo de 10,37 placas por metro quadrado.
Placas de 15 cm2 x 15 cm², com junta de 3 mm e perda de 5% levam a um consumo de 44,85 placas por metro quadrado.


DICAS
» Obedeça à paginação (projeto geométrico) do revestimento cerâmico
» A necessidade de rodapés com retalhos gera mais perdas
» Assentamentos "em diagonal" geram mais cortes que "a prumo"
» Placas pequenas em ambientes grandes geram menos perdas que placas grandes em ambientes pequenos
» Coloque as caixas em lugares plano e seco, em pilhas pequenas
» Transporte as cerâmicas de forma adequada, se possível em carrinhos próprios para evitar batidas
» Separe um local adequado e com as ferramentas certas para cortar a cerâmica
» Confira as caixas quando o material chegar

Lajes nervuradas com cubas plásticas



A fôrma de polipropileno é bem leve e fácil de posicionar.O resultado é uma laje com menos materiais, rápida de fazer e também muito leve


Lajes nervuradas são indicadas sobretudo quando os donos das obras, as empresas, querem amplos vãos livres (sem muitos pilares), como nos estacionamentos e edifícios de escritórios. Pode-se fazer a laje nervurada armada simplesmente com vergalhões ou protendidas, que tem sido o modo mais executado pelas construtoras. Como esse tipo de laje deixa nichos (ver passo 12), é muito mais leve e economiza no concreto e também nas armaduras em comparação com as lajes maciças. Em algumas obras é possível reduzir em até 20% o consumo desses materiais.

Há dois métodos de instalação das cubetas. Em um, as cubas são distribuídas sobre as fôrmas de madeira, apoiadas sobre vigas e escoras metálicas. No outro método as fôrmas se apóiam em vigas metálicas montadas sobre cabeçotes deslizantes.
Apesar de leves - cada peça pesa cerca de 3,3 kg - esses moldes agüentam a sobrecarga do concreto fresco, o peso da armadura,de equipamentos e de homens andando sobre sua superfície.
sistema permite montagem e desmontagem rápida, dispensa a fixação com pregos, e utiliza poucos componentes. Além disso, o formato das cubetas (retangular ou quadrado) facilita o empilhamento, permite a estocagem em áreas reduzidas e ajuda a desenforma. Isso, aliás, é muito importante para evitar danos às peças, já que elas são fornecidas por aluguel e, portanto, reaproveitadas.
Passo 1
Fotos: Marcelo Scandaroli
Antes de tudo é preciso que o escoramento e o vigamento estejam montados de acordo com as orientações do projetista. Só então é possível dar início à instalação das cubetas plásticas. Para executar esse tipo de laje, use um sistema de escoramento metálico, que permite remover as fôrmas com facilidade, sem retirar as escoras.

Passo 2
Em seguida, inicie a montagem da chapa de apoio das cubetas (tablado de madeira) sobre as escoras. Nesta obra foi utilizado painel específico para lajes, composto de chassi de alumínio forrado com compensado plastificado. Observe que o painel tem seus quatro cantos encaixados nas escoras metálicas.

Passo 3
Distribua as fôrmas sobre os painéis. Jamais utilize pregos para fixar as cubas plásticas, pois eles danificam as peças, impedindo a reutilização. Em vez disso, apenas coloque as cubas lado a lado.

Passo 4
Para que as fôrmas plásticas não saiam do lugar, alinhe-as com o auxílio de um sarrafo de madeira. Em seguida, prenda uma faixa de madeirite na beirada da laje.A maior altura dessa tábua em relação à base das fôrmas ajuda a manter as peças em suas devidas posições.

ATENÇÃO !
Antes de cada uso, aplique nas fôrmas líquido desmoldante, para evitar a deterioração da peça e obter uma desenforma fácil, com um melhor acabamento. Isso pode ser feito tanto por meio de aspersão, quanto por aplicação com rolo, como mostra a foto.



Passo 5
O passo seguinte será a colocação das armaduras. Lembre-se sempre de consultar o projeto estrutural para verificar o posicionamento das armaduras.

Passo 6
Prenda os vergalhões e os estribos conforme indicação do projetista. Não se esqueça de colocar corretamente os espaçadores para garantir o cobrimento ideal do concreto.

Passo 7
Após instalar todos os elementos da laje, pronto, ela pode ser concretada.


Passo 8
Não amontoe o concreto sobre as fôrmas para garantir bom acabamento da laje. Por isso, as concretagens devem ser feitas por camadas. Além disso, para o adensamento do concreto, o vibrador não pode ter diâmetro com mais de 25 mm.
Passo 9
Agora você deve sarrafear e nivelar a laje.

Passo 10
Fotos: Marcelo Scandaroli
A desenforma é uma etapa muito importante da laje nervurada e, por isso, requer atenção. Depois de três dias da concretagem (quando o concreto atinge a resistência de 25 MPa) é possível iniciar a retirada do escoramento e do tablado de apoio das cubetas, deixando o reescoramento a cada 1,5 m².


Passo 11
A próxima etapa será a retirada das cubetas. Faça isso com cuidado. Force levemente um dos lados da cubeta para ela se soltar.

Passo 12
Fotos: Marcelo Scandaroli
Depois de retirar as fôrmas, ainda será preciso esperar a cura completa do concreto, que geralmente ocorre após 28 dias. Só então é possível retirar o reescoramento. A laje está pronta.

Dica !
» Fique atento ao projeto estrutural, tudo deve ser obedecido exatamente como foi projetado.
» Não use espátulas ou escovas de aço para retirar o concreto após a desenforma. Para evitar que o concreto agarre, basta usar desmoldante.
» Quando for desenformar a cubeta, use cunha de madeira e martelo de borracha. Outras ferramentas e peças podem estragar o plástico.
» Não se esqueça: para fazer serviços a mais de 2 m do chão, é preciso usar o cinto pára-quedista.

 
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